O filme de Kathryn Bigelow "A Hora mais escura" acendeu uma polêmica no governo norte americano ao tratar do uso da tortura nas ações anti-terroristas. Assistimos ao desconforto que o filme causou nos senadores, na mídia e até nas premiações, tudo por ter tido coragem de apresentar algo "não muito bonitinho". A diretora foi até comparada com o nazismo e o fascismo por retratar o uso da tortura sem julgamentos morais, de forma jornalística. E é nessa ausência de julgamento que eu enxergo o brilhantismo do filme, é nessa característica que ele nos interroga mais. A diretora se limitou a reconhecer que "sim, a tortura foi usada" e não há uma narração que coloque os torturadores como culpados, nem como vilões, só existe a tortura, os torturadores, os torturados e o que disso resultou. Sem julgamentos. Nem a morte de Osama Bin Laden foi retratada como um ato heróico, foi simplesmente a morte de Osama Bin Laden. Sem jugamentos.
O que para alguns parece ser apologia à tortura e nazismo nada mais é do que coragem, algo que anda faltando na cultura de nosso tempo. Temos medo de cutucar questionamentos que parecem ter sido protegidos com uma casca sagrada...são intocáveis. Bigelow teve coragem e foi brilhante no ato de não julgar algo que traz consigo problemas filosóficos, políticos e legais tão complexos que cansam. Porém, mesmo cansativos são relevantes.
A base dos questionamentos feitos ao filme foi o uso da tortura para fins de informação. Seria lícito usar a tortura quando a segurança e a vida de milhares de pessoas estão em jogo? Visto de outra forma a mesma questão ficaria assim: Seria lícito ferir os direitos humanos de uma pessoa para proteger os direitos humanos de milhares de pessoas? Pensemos bem nesse problema moral. É lícito ou não?
Podemos refletir. Mas quanto à análise moral dos casos tratados no filme vou seguir a nobreza de Kathryn Bigelow. Sem Julgamentos.
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